11.10.16

Você fez chover


Você não tem noção, mas a sua chegada fez o meu mundo inteiro tremer. Você chacoalhou tudo quando abriu esse sorriso lindo e me fez entender o que é realmente estar "de bem com a vida". Você não me deixou só de bem, você me fez olhar ao redor e notar que há um infinito inteiro esperando por mim. 

Ah, se você soubesse. 


Se pudesse olhar para você do jeito que eu olho, talvez pudesse então entender finalmente. Entender que você chegar me cegou para todos os meus medos, limitou minha visão apenas para tudo aquilo que eu nunca havia notado. As flores desabrochando, as cores das asas das borboletas, o brilho das estrelas. Você perceberia que ilumina o ambiente todo quando chega. 

Você não faz ideia mesmo, mas você fez meu coração bater mais forte que uma escola de samba inteira. Ou dez. Você fez minhas bochechas queimarem de vergonha toda vez que eu sentia que você estava me olhando com aquela cara de quem diz "você é linda mesmo". 

Você é lindo mesmo!
Tem a beleza mais serena desse universo. Sua inocência faz tudo parecer tão mais belo, que eu acho que se tivesse escolha, viveria dentro de você, encolhidinha nesse seu coração enorme. Acreditaria também que o amor cura tudo sempre, que a vida pode se parecer um filme às vezes, que as pessoas são boas. Ficaria mais do que feliz em acreditar em tudo o que você acredita com tanta certeza.

Acho que você não consegue entender quando eu digo que você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida esse ano. O pouco crédito que você dá a si mesmo me deixa roendo as unhas de nervoso. Ô guri, você fez a lua sorrir quando me beijou pela primeira vez, fez a platéia inteira levantar e te aplaudir. Fez tudo diferente, com certeza, mas do jeito mais inesquecível também. 


Foi desajeitado sim, mas ajeitou tudo que estava bagunçado dentro de mim. 

Você me deu vontade de gargalhar sem ter nem razão, só por gargalhar. Me deu vontade de sentar na beira de uma praia vazia em pleno por do sol e observar as ondas calmas se quebrarem nas pedras. Me deu vontade de pegar um violão e aprender a tocar um anjo do céu, só pra tocar e cantar ela pra você. Me deu vontade de viajar de avião do seu lado e observar o céu de cima com você. Me deu vontade de sair rodopiando sem medo de cair. Me deu vontade de dançar na chuva com você, sem me importar com o meu melhor vestido molhado ou me importar se vamos saber dançar, 
sem nem ligar para os olhares curiosos dos que observavam sem entender nossa loucura. 

Mesmo que você não tenha notado, vai por mim, você parou o trânsito da cidade. Você colocou a melhor cena do melhor filme de romance no chinelo. Você mexeu comigo de verdade guri. 

Você fez chover e ainda faz.

Vem cá, vem


Tô querendo colo, querendo um pouco de carinho, de cafuné, de aconchego, e sei que você também tá precisando. Então, vem cá.
Eu cuido de você, te ponho pra dormir bagunçando seus cabelos com meus dedos bem de leve, te deixo aquecido e prometo fazer o melhor brigadeiro de colher. Sem falar na pipoca que vou fazer pra gente comer juntinhos, debaixo do seu edredom, assistindo filme. Se é que vamos conseguir terminá-lo.
Quero sentir seu cheiro, poder entrelaçar meus dedos com seus dedos, e observar cada linha que forma a sua mão.
Uma hora talvez eu comece com minhas loucuras de olhar o horóscopo pra ver se a gente combina mesmo, mesmo sabendo que o seus lábios se encaixam perfeitamente em minha boca.
E pode ser também que, pelo meu humor desvairado e meu excesso de ciúmes, eu faça bico, bico não, uma tromba imensa. É nessa hora que eu vou querer que você me puxe por trás e me abrace com força, pra me mostrar que você é meu, e de mais ninguém.
E sabe, não precisa fazer tudo o que eu desejar. Eu gosto de surpresas, e de quando as pessoas são sinceras no que sentem e fazem, e eu quero isso quando estiver contigo, entende?
Não sei se dura, se é eterno, e se não for vai machucar depois. Mas não quero pensar nisso. Quero apenas, sentir o agora. E o meu agora, é você e espero que seja você pra sempre.

5.10.16

Você vai me fazer sentir?


Escute enquanto lê:


Eu sempre fui uma garota que parecia não se importar muito com as coisas. Ou com as pessoas.
Enquanto todas crianças abriam o berreiro quando os pais saíam de casa, eu apenas ia para o meu quarto e ficava quietinha brincando com meus carrinhos. Quando meu pai foi me buscar no primeiro dia de aula, ele me perguntou se eu senti saudades dele... E eu respondi que não tive tempo para sentir saudades. Enquanto todas minhas amigas tinham plena convicção de que queriam se tornar mocinhas logo e arrumar o primeiro namoradinho, eu só pensava no chute de kickboxing que iria aprender no meu treino mais tarde. Enquanto todos levantavam a mão na sala de aula e diziam para a professora o que queriam ser no futuro, eu só pensava o quão era nova para escolher algo. Eu tinha que escolher? Quando assisti minha melhor amiga se descabelar porque seu primeiro namorado tinha terminado com ela, eu só conseguia pensar em como o amor é tão injusto. Em alguns corações tanto, em outros nada. Enquanto meus pais discutiam dentro de casa, eu só pensava em como certas discussões não existiriam se as pessoas não fossem tão egoístas e pensassem só um pouquinho nos outros. Mas ficava quieta no meu quarto, rezando para que eles parassem logo. Enquanto todos estudavam para as provas do colégio para poder garantir o futuro, eu só queria me afundar nos meus livros e nas histórias que criava na minha cabeça. É que nada daquilo fazia sentido pra mim, sabe? Enquanto todo mundo acabava torcendo para o time de futebol que seus pais torciam, eu me peguei pensando: Ué, eu não posso escolher? Eu quero torcer pro palmeiras. Eu gosto do palmeiras, gosto de verde. É isso aí. Esse é o meu time palmeiras até a morte.
Enquanto todo mundo se preocupava com o futuro, eu achava incrível o agora. Esse segundo. Esse mesmo, que passou. Você aproveitou?
Também nunca entendi muito bem porque as pessoas odiavam as outras, isso nunca fez sentido pra mim. Odiar alguém que eu nem conheço? Ou pior, odiar alguém que eu conheço vai trazer o que de bom para a minha vida? É perda de tempo. E temos tão pouco tempo...
Procurar o amor sempre me deu um pouco de preguiça. Eu tinha que procurar? O amor? Mas que amor? As pessoas falam que se amam com tanta facilidade que a palavra amor não tem tanto significado assim pra mim... Talvez um "meu sorriso é fácil quando você está comigo" me leve às nuvens. Ou um "antes de você ir embora, eu já sinto saudades" revire meu estômago.
Ou os seus olhos em cima dos meus. Isso basta...
Enquanto todos se prendem à conceitos, amarras, status em redes sociais, eu dou valor à outras coisas. Dou valor ao que quase ninguém vê, ao que não tem "valor algum". O modo como suas mãos tremem quando estamos juntos e você tem que destacar o ingresso do cinema. Ou o olhar que você lança pra mim, sem saber, mas que diz mais do que você conseguiria dizer. O jeito que você fala quando tá perto de mim, mansinho, porque eu acalmo seu coração ansioso. Ou quando você perde as palavras, e eu as encontro. Dou valor às nossas noites mal dormidas, falando sobre tudo e sobre nada, só os dois, sentindo a energia que vibra à nossa volta quando estamos juntos. Gosto de observar as estrelas e pensar no quão infinito é o universo, e o quanto sou grata por todas às vezes que eu me senti tão infinita quanto ele.
Esse amor fácil de hoje em dia em nada me atrai. Você fica com um hoje, outro amanhã, um terceiro no próximo dia útil. E o que me espanta, é que isso é muito fácil, você só precisa querer. E eu nunca quis isso, entende... Não tenho fome de amor. Não tenho fome de sexo. Não tenho medo de ficar sozinha. Então sempre que esses assuntos surgem na roda de amigos, me calo.
Ninguém iria entender a fome que eu tenho.
Ela é maior do que tudo. Me consome. Me cega. Me faz ter vontade de fugir. De jogar tudo pro alto. De gritar. De cortar o cabelo. Mudar para outra cidade. Outro país. Pegar o avião e viajar sem destino. Me hospedar em um hotel que não olhei na internet. Me faz ter vontade de rodopiar sozinha. De escutar música até meus tímpanos explodirem. De pisar no acelerador do carro dos meus dois pais para me sentir viva. De dizer o que eu penso sem medo. De contar histórias até o amanhecer. De correr pra longe de tudo que me retém. Eu vivo com pressa. Faminta, sedenta, clamando por tudo que faz meu coração acelerar.
É que eu tenho fome de tudo que me faz sentir infinita. Tenho fome de tudo que me faz sentir invencível. Fome de tudo que não precisa mais do que 10 segundos para se tornar inesquecível na minha mente tão esquecida...
Eu sempre fui uma garota que parecia não se importar muito com as coisas. Ou com as pessoas.
Besteira... É claro que eu me importo. O que ninguém nunca entendeu é aquilo que eu me pergunto todos os dias:
Você vai me fazer sentir?

(Des)escrevo


Eu sei amar.
E também me lembro de quem me ensinou a amar.
Mas ele está longe agora e dormindo, enquanto isso, (des)escrevo. 

É que meu lado escritora sobrevive muito mais da arte de observar do que do ato em si. Procuro na leitura um universo paralelo que não torne a rotina tão sufocante. Nas horas vagas, crio o meu universo. Vem da clareza de quem se dedica a uma análise minuciosa do comportamento alheio. O modo é automático, os olhos filmam e a mente escreve, num computador que fica em cima de uma mesinha de madeira, numa salinha escura e gélida, em algum lugar da minha mente, tem página, parágrafo, vírgulas... Os pontos finais eu vou ajeitando conforme tudo vai acontecendo... Às vezes um novo capítulo... Quando não tem mais volta, um novo livro... 

Pouco a pouco, vou editando os roteiros, analisando o personagem principal. Volta e meia troco por algum coadjuvante. Às vezes saio de cena, desapareço. Entro em outro cenário. O sujeito fica oculto, a oração indireta, a preposição dá espaço a tudo que eu queria te dizer, mas preferi guardar no papel. E assim permanecemos. Um silêncio tão incerto quando o próximo capitulo. Coloco travessão diante uma longa fala, às vezes algumas pausas, mas sempre em continuação. 

Você não imagina, mas já te dei um nome e um sobrenome fictício, uma profissão e umas 15 viagens pelo mundo, só enquanto tomávamos um café no fim da tarde. Você nem percebeu, mas te dei o que você não tem; nos defeitos, os que fazem de você o personagem principal. Nas manias, que geram saudade. Nas falas, que transformam um dia ruim em algo infinitamente melhor. Nas atitudes. Ah, as atitudes.. 

Com aquele mesma lapiseira que eu uso para sublinhar os trechos mais interessantes nos meus livros, peguei um papel e caprichei num sorriso lindo, incrementei com o brilho no olhar e te dei um bom coração, poucas palavras... Um punhado de sonhos. Coloquei-me à disposição para ajudá-los a tornarem reais. E te dei a mão.

Gosto de quem sonha, e sussurra; velado, pra si, pra quem quiser ouvir. Eu escutei. 

Te dei a distância, te dei a liberdade. Aquela, que une o mais livre dos seres. Trouxe um vilão, logo depois apareceram dois. Por que de toda história bonita se espera alguma coisa. E supera. As vezes eu erro alguma palavra, apago e recomeço. Recomeçar é um dom, mas infelizmente não existe borracha na vida real. Você tem inúmeras folhas, para reescrever quando e como quiser... Mas nunca terá uma borracha em mãos. 

Mas ei, não se preocupe. Eu tirei seu medo... 

Você não precisa dele enquanto eu estiver escrevendo essa história. 

Só confie em mim. 
E me sorri de volta.  
Já mencionei que caprichei no seu sorriso?