Talvez a gente se esbarre
e se conheça de novo com o olhar mais maduro e o coração mais decidido.
Eu achava que aos poucos a gente morria de amor,
depois do fim, depois da despedida, mas não, ninguém morre. Dói muito e a
angústia chega a apertar o peito, você chora baixinho pra ninguém ouvir antes
de dormir e a saudade te invade de um jeito avassalador. Quantas vezes eu quis
saber como você estava sem mim, se encontrou outro alguém ou se ainda pensa em
nós. Mas, todas as dores, as feridas, as noites em claro, a angústia que se
fazia presente em meu peito, a dor que persistia em ficar, tudo isso passou, a
tempestade acabou e deixou-me ainda mais forte. Depois do fim é difícil
recomeçar e como dói lembrar-se daquele adeus.
Eu nunca precisei esbanjar sorrisos de graça para
parecer bem quando eu não estava. Nunca escondi a saudade e evitei a todo custo
fazer pose para parecer feliz, quando de fato eu não estava. Portanto se eu
sorrir é porque estou bem, não preciso declarar a minha felicidade aos quatro
cantos do mundo como quem precisa mostrar a todos que depois do fim superei de
forma mágica, não sofri e que estou melhor do que nunca. Sinceramente, acho
desnecessário querer parecer feliz e realizado logo após uma história tão
bonita quanto a nossa foi, ter se acabado. Também não vou me abrigar no
primeiro abraço, nem me entregar ao primeiro beijo que me aparecer. Não vou me
tornar uma pedra e não vou me fechar para a vida, eu só quero um tempo. Um
tempo não para ficar sofrendo, chorando e pensando em tudo que acabou, mas um
tempo para aproveitar e sugar tudo o que há de bom, recarregar as energias,
descobrir novos lugares para ir num sábado à noite, conhecer pessoas que nunca
quis conhecer, terminar a minha lista de séries no Netflix, descobrir onde tem
o melhor chocolate quente, fazer um tour gastronômico pela cidade e planejar a
minha próxima viagem. Esse meu coração teimoso precisa aprender a reencontrar o
tal do amor próprio.
Hoje tive um encontro comigo e descobri coisas que
antes sei lá, passavam despercebidas talvez. Mas sabe, meu sorriso é mesmo
bonito, as minhas piadas são realmente muito ruins e eu não sou tão simpática
assim. Não tenho preferência musical e meu gosto é um tanto que diferente
estranho talvez. Meu abraço é o melhor do mundo e sei apoiar alguém, como
ninguém. Realmente você tinha razão quando dizia que fico linda de pijama. Você
tinha razão quando dizia que minha risada era engraçada e que sou a melhor
companhia de viagem que alguém poderia ter. Você estava certo quando dizia que
me faltava coragem às vezes para lutar pelo que eu queria e que eu precisava
não me esconder tanto do mundo, não precisava me defender tanto das pessoas e
por mais que as feridas fizessem morada em mim eu precisava me esvaziar da dor.
Lembrei-me de quando você me dizia o quanto eu era incrível e que eu merecia
tudo de melhor. Eu realmente mereço e é por isso que eu não posso deixar o meu
mundo desmoronar, é por isso que não posso criar um bloqueio e impedir que
coisas boas cheguem até mim, à dor não pode ser maior do que as possibilidades
tão lindas que vejo por aí, e não posso permitir que essa insegurança tire as
coisas boas de mim.
Então, eu te desejo abraços calorosos, sorrisos que
fazem a gente ganhar o dia, te desejo um cafuné num domingo a tarde, abraços de
moletom no inverno, mensagens de bom dia e risadas que fazem doer a barriga.
Seja feliz, porque eu também vou ser. Mantenha a sua fé, sua coragem e sua
ousadia de viver, porque eu também vou manter a minha alegria, minha paz e meu
sorriso encantador. Quero me encantar de novo com a vida, quero continuar me
descobrindo, sei que pra pessoas como eu e você sempre há coisas boas
reservadas. E não pense que “Não demos certo”, nós demos sim, e muito certo,
por um tempo. E agora, outras coisas, pessoas e momentos vão aparecer em nossa
vida e vai dar certo novamente, de uma forma diferente, mais intensa talvez ou
mais devagarzinho, mas vai, acredite. Talvez a gente se esbarre por aí
novamente com o coração mais feliz e maduro, talvez a gente sinta falta e
depois de tantos e reencontros decida pousar no mesmo lugar. Aprendendo a
aceitar aquilo que não soubemos aceitar, amando aquilo que não conseguimos
amar, descobrindo aquilo que tentamos esconder e resolver tudo aquilo que
deixamos para depois. Talvez a gente se esbarre novamente com o coração mais
calmo e decidido a lutar, a ficar, mas por hoje é melhor alçarmos voo.